Kuir - cultura e inspiração Cuir

Cultura e ativismo LGBTQIA+ com voz antifascista e feminista.
Orlando Figueiredo
queerlab@kuircuir.pt

Dos sussurros do pós-guerra à alvorada de Stonewall


Este é o primeiro de alguns artigos que tenciono publicar ao longo das próximas semanas e que buscam contextualizar historicamente os acontecimentos que deram origem à revolta de Stonewall no dia 28 de junho de 1969.


A revolta de Stonewall é frequentemente tomada como o início do movimento gay nos EUA que acabou por se disseminar por todo o mundo. Os acontecimentos de 28 de junho de 1969 (pouco mais de dois anos após o meu nascimento) foram de tal forma marcantes que a celebração Pride se faz um pouco por todo o mundo nesse mesmo dia e junho é tido pelo mês de celebração do Orgulho LGBTQ+. Porém, a anteceder este dia há uma conjuntura política e social dos EUA que tem de ser entendida para melhor compreender os acontecimentos de Stonewall. A Guerra Fria e o macarthismo jogam aqui um papel da maior importância. Neste artigo abordo a ameaça lavanda – lavender scare – e de como se encontraram as desculpas mais absurdas para institucionalizar uma perseguição às pessoas LGBTQ+ que durou décadas nos EUA do pós-guerra.


Protesto liderado por Frank Kameny (1925 – 2011), um dos milhares de homossexuais que em 1957 perdeu o seu posto de trabalho devido às políticas macarthistas.

Leia mais...

Atualizado em 2025-06-28

O Caderno 1, do pós-guerra a Stonewall, traça um percurso desde a repressão sistemática das pessoas cuir no pós-guerra dos E.U.A. até à revolta de Stonewall, evidenciando que a luta LGBTQIA+ é feita de resistências persistentes, tensões internas e conquistas disputadas. O ciclo inicia-se com a “ameaça lavanda” e a perseguição institucionalizada através da Ordem Executiva 10450, que cimentaram décadas de exclusão e silenciamento. Apesar da violência social e policial, emergiram focos de contestação que anteciparam Stonewall, um momento fundador da resistência cuir. Os motins de 1969 não encerraram a luta, mas abriram novas frentes, acompanhadas por narrativas mediáticas manipuladas e por disputas internas entre agendas de respeitabilidade e revolta. O percurso revela que os direitos nunca foram garantidos – são construções contínuas e precárias que exigem vigilância, memória e solidariedade transversal.

Leia mais...

Enter your email to subscribe to updates.