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Da repressão à revolta: a noite em que corpos dissidentes deixaram de fugir e esconder.


Neste artigo retomo o relato dos acontecimentos que antecederam e despoletaram a revolta de Stonewall, centrando-me na noite de 28 de junho de 1969 e na rusga policial ao bar Stonewall Inn, em Nova Iorque. Através de uma narrativa cronológica e contextualizada, exploro o papel da máfia na gestão dos bares gay nova-iorquinos, o ambiente de constante repressão e chantagem policial. Denoto ainda a forma como estas dinâmicas culminaram num dos momentos mais emblemáticos da história da resistência LGBTQIA+. Destaco, em particular, a resposta firme e corajosa da comunidade — com especial relevo para as pessoas trans*, travestis, jovens sem-abrigo e trabalhadores do sexo — que enfrentaram a violência institucional com determinação. Este episódio marca o ponto de viragem que catalisou o movimento moderno pelos direitos LGBTQIA+, tornando-se símbolo de orgulho e de luta até aos dias de hoje.

A Máfia e o Stonewall Inn

Antes da revolta, os bares gay de Nova Iorque eram maioritariamente controlados por redes mafiosas que exploravam uma comunidade vulnerável e sem alternativas seguras de socialização.

Durante a década de 1960, Fat Tony (Anthony Lauria), filho de um dos mais famosos mafiosos nova-iorquinos, decidiu, a descontento do seu pai, abrir um bar gay em Greenwich Village, Nova Iorque. O nome do bar: Stonewall Inn.


Fotografia da última noite de protestos na Christopher Street e arredores, onde se localiza Stonewall Inn. Foto: Larry Morris/The New York Times, 2 de julho de 1969.

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